quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Auto-organização do meu corpo

Educação Somática – senti um estranhamento quanto a esse nome quando escolhi como optativa, mas ao mesmo tempo tive uma ponta de curiosidade de fazer a disciplina no Teatro quando tive a informação que ela trabalharia teoria e prática de uma consciência através do corpo.

No início das aulas, apesar da situação de ser uma estrangeira do curso já consistir em um grande desafio, estudar mais meu corpo sempre foi uma busca consistente que me faz relacionar melhor com o mundo e com mim mesma.

O corpo aprende na ação. A Re-educação do meu corpo significou estar atenta a uma busca do equilíbrio entre corpo, consciência, meio ambiente e os movimentos conscientes para com este. Convoquei-o enquanto experimento sensível, no qual emergiu em mim uma percepção de consciência corporal que antes passava despercebida.
























Por meio de um curioso e intrigante estudo através do corpo utilizamos em sala técnicas corporais que objetivaram o desbloqueio de moldes padronizados de uma herança organizacional criada pela nossa existência mediante o espaço e o tempo, despertando o corpo para uma sensação de alinhamento pensando numa re-padronização a partir de estímulos que neutralizam um corpo ainda insensível.

As técnicas corporais utilizadas inicialmente foram a do método Bertazzo, que tinham como objetivo trabalhar o alinhamento e alongamento de espaços internos para promover um equilíbrio e controle do corpo. O trabalho com o arco transverso, nosso primeiro contato com a prática, base do trabalho do equilíbrio de tônus foi um ponto chave para sensibilizar outras regiões inter-racionais simultaneamente com os espaços internos articulares.

Foi desafiador e ao mesmo tempo abstrato criar um diálogo entre as posições da seqüência com a idéia de neutralizar um corpo a fim de obter um maior conhecimento de mim mesma. Não digo que meu corpo era um corpo insensível, mas com essas posições exercitei uma atenção corporal com o trabalho de direcionamento de vetores opostos que objetivam a ampliação dos espaços internos e externos a ponto de gerar uma sensação de volume.

O que essa sensação de volume me provocava?

Sentia um alongamento da coluna sem compressão e interferência do abdome. No fim do exercício a sensação de bem estar e organização que o corpo experimentava era surpreendente. A seqüência que mais me trouxe essa sensação de alinhamento e organização era a do arco transverso.

Conhecemos uma pincelada de outras práticas somáticas como a Eutonia, algumas posições do Tai Chi Chuan, o método do brasileiro Klauss Vianna e o Pilates. Em todas essas práticas a atenção as posições é imprescindível para uma sensibilização em busca da organização do corpo.

As seqüências do Tai Chi foram bem curiosas pra mim, pois eram posições com grande foco na respiração e concentração. No começo sentia uma ansiedade para finalizar o exercício, mas aos poucos fui introjetando a consciência do corpo na minha mente a ponto de sentir um estado de tranqüilidade presente.

Pude compreender gradualmente minhas conquistas sobre o aprendizado através do corpo por meio das leituras dos textos que eram muito esclarecedoras. Unir a prática com a teoria foi uma forma de investigar meu corpo na busca da re-organização e transformação de posturas adquiridas ao longo dos anos.

Pontuo dois exercícios que considero como importantes e marcantes no meu processo de percepção corporal por mudarem minha forma de sensibilização da amplitude do meu corpo.

No primeiro foi o do saco de pano, em que entrei no saco de um tecido parecido com uma tela, fiquei fixa na posição do arco transverso do Bertazzo, dois colegas seguravam as pontas do tecido como se fosse uma rede e movimentavam minha coluna de um lado para outro. Senti um incrível relaxamento na lombar, mas ao mesmo tempo um equilíbrio do tônus de forma a organizar todos os espaços internos do meu corpo.
















O segundo exercício que saliento como importante é o da manipulação da base da coluna que fizemos em dupla com massagem facial com o colega deitado com duas bolas como suporte nos ísquios, para depois manipular sua cabeça sem estar em contato com o chão de um lado para outro relaxando a base da coluna. Sentir o contato do outro fazia incrivelmente a diferença do exercício, segundo que a manipulação da cabeça fora do chão além de me relaxar profundamente, pude ter uma atenção maior na base da coluna.

Esse semestre foi interessante porque peguei três disciplinas relacionadas com corpo e que trabalham este de formas totalmente diferentes: Educação somática, Consciência Vocal e Ginástica Olímpica. Interessante que exercitei em obter um distanciamento mais ao mesmo tempo uma aproximação com atenção para compreender provocações e as particularidades de cada uma delas, o que me auxiliou na compreensão das possibilidades que o corpo nos permite descobrir.

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